Descaminho

25.1.05

Conto de Outono



Se em Conto de Verão a densidade interior dos jovens era explorada, em Conto de Outono é a vez da maturidade ser abordada. Isabelle, uma loira alta de olhos azuis, decide arrumar um marido para sua amiga Magali, uma morena viúva de 45 anos que vive isolada no campo produzindo vinho. Quem também tenta arrumar um marido para Magali é a jovem estudante Rosine (que não tem sua densidade interior explorada).

O enredo, simples, morre aí. Mas a beleza do filme está na direção e no roteiro minucioso do francês Eric Rohmer, que consegue arrancar sutileza mesmo com o fetiche da objetividade não saindo da sua cabeça. O filme, de 1998, ainda permanece inédito em boa parte do Brasil, apesar de vencer do prêmio principal de Veneza.

Quando filmou Conto de Outono (último filme da seqüência das quatros estações), Rohmer tinha 78 anos, provando que sua vitalidade dos anos 60 só se aprimorou com o tempo. Assim como outro ícone dos anos 60, o italiano Bernardo Bertolucci, que tem nesta mostra também sua obra-prima: Os Sonhadores.

O que os une no cinema, ainda hoje, é o otimismo em relação ao mundo e a paixão pelo lúdico; o que os separa é a visão ideológica, desvelada no cinema de ambos (Rohmer à direita, como fica claro em A Inglesa e o Duque, e Bertolucci à esquerda, como está evidente em Os Sonhadores).

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

e whisky, viu? realmente godard consegue passar o tédio de bb para a platéia. interessante ver a mesma técnica sendo usada em mídias diferentes, pois estava lendo justamente Moby Dick, onde Melville fala tanto sobre baleias que sentimos o tédio e a monotonia de todos os tripulantes do barco, naquelas viagens de meses e meses sem fim.

8:14 PM  

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