Descaminho

31.12.04

Os melhores de 2004

Assim como fiz em 2003, vai aqui a lista dos melhores do ano.

Filmes

1) Dogville - Lars Von Trier
2) Filme de Amor - Júlio Bressane
3) Encontros e Desencontros - Sofia Coppola
4) Kill Bill Vol. 2 - Quentin Tarantino
5) Adeus, Lênin - Wolfgang Becker

Dogville, de Lars Von Trier, é a obra-prima do ano. Ganha do ponto de vista político ou estético. É denso, sem pontos mortos, sem momentos feitos para distrair o telespectador e reduzir a crescente carga emocional. Lúdico e bastante sensorial, Filme de Amor, de Júlio Bressane, é o melhor filme nacional do ano. Encontros e Desencontros foi importante para mostrar que Hollywood também pode ser sutil. Kill Bill, especialmente a continuação, é a prova de que Tarantino continua bem. Dos que ficaram fora da lista, destaque ainda para Irreversível, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e Má Educação.

Livros

1) A Ditadura Encurralada - Elio Gaspari
2) Paz em Paris - Margareth MacMillan
3) O Enigma de Qaf - Alberto Mussa
4) Longe da Água - Michel Laub
5) Fama e Anonimato - Gay Talese

Melhor livro de Gaspari sobre o regime militar (até agora), A Ditadura Encurralada acabou sendo mal tratado pela mídia ao se enfocar apenas as relações entre Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva. De importante ali há também os detalhes sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog e as manifestações estudantis de 77. Na linha de ficção, o destaque é O Enigma de Qaf, do ex-matemático Alberto Mussa, que escreve histórias curtas de forma extramamente lógica. O protagonista do livro é um homem que procura discorrer sobre a fórmula do adultério a partir de exemplos da literatura clássica. Destaque ainda para o relançamento de Fama e Anonimato (originalmente lançado em 1973 como Aos olhos da Multidão, talvez o melhor livro de reportagens já escrito).

CDs

1) The Libertines - The Libertines
2) You are the Quarry - Morrissey
3) Voz D'Amor - Cesária Évora
4) Medulla - Björk
5) Acústico MTV - Ira!

Muita gente mandou bem, mas ninguém superou o disco homônimo da banda inglesa The Libertines. Muito melhor do que Up The Bracket, tem guitarras sujas, som cru, doses de pop e velocidade. Como a lista é eclética, destacamos ainda Morrissey, Cesária Évora, Björk e os arranjos reformulados do Acústico MTV da banda Ira! Menção honrosa para o disco de estréia de Franz Ferdinand e Banda Maluca, de Joyce.

Shows

1) Ira! - Goiânia Arena
2) Lemonheads - Jóquei Clube
3) Colin Ray - Goiânia Arena
4) Bidê ou Balde - Martim Cererê
5) Sepultura - Goiânia Arena

Apesar do som não colaborar no início, o melhor show do ano foi o acústico do Ira! apresentado no Goiânia Arena, no Go Music Festival. Praticamente todas as músicas do CD foram apresentadas e o melhor de tudo foi o final, quando Nasi cantou Jimi Hendrix e The Clash. Mereceram destaque, ainda, dois shows realizados no circuito independente: Lemonheads (no Bananada) e Bidê ou Balde (no Goiânia Noise). Menção honrosa para o show do Violins realizado em março no Teatro Goiânia.

Teatro

1) Melanie Klein - Eduardo Tolentino
2) Beckett às Avessas - Grupo Experimental Desvio
3) Matéria Estado de Potência - Taanteatro Companhia
4) Tarsila - Sérgio Ferrara
5) Encaixotando Shakespeare - Teatro Fúria

Em ano fraco de peças (2003 foi muito mais produtivo), o ano de 2004 teve como destaque em Goiânia a apresentação da peça Melanie Klein. A famosa psicanalista que dá título à peça foi interpretada por Nathália Timberg, que rivalizou ainda com outras duas psicanalistas, interpretadas por Carla Marins e Rita Elmor. Encenada no Teatro Goiânia, houve perfeita reconstituição de época (anos 20), o que ajudou a entender o processo de simbolização do pensamento da pioneira em psicanálise infantil. Com momentos tensos, trabalhou bem silêncios e frases fortes. E sem melodrama. Destaque ainda para Tarsila e três peças apresentadas no Goiânia em Cena. Mas, no geral, 2004 foi muito fraco, especialmente pelo excesso de comédias horríveis (A primeira noite de um homem, adaptada por Miguel Falabella, fica com o título de pior do ano).

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A lista acima cita foi originalmente publicada na Tribuna do Planalto na edição de 26 de dezembro. Exatamente para que fique sem lacunas, só está sendo publicada neste blog no derradeiro dia do ano. Ah, em 2003 também fiz uma lista. Se quiser consultá-la, basta clicar aqui.

28.12.04

Susan Sontag


Susan Sontag e o livro que revolucionou os estudos da imagem

Morreu hoje, aos 71 anos, Susan Sontag, uma intelectual que herdou o que os anos 60 tiveram de melhor. Ela sabia ser sutil, sabia atacar o moralismo, sabia derrotar os cínicos e sabia desmontar os irônicos. Para azar dos adversários, a história sempre mostrou que ela tinha razão.

Que eu saiba, não perdeu uma polêmica. Já no começo dos anos 80, quando a epidemia era novidade, dizia que pior do que a Aids era o moralismo em torno da doença.

Antes, foi a intelectual responsável por levar um pouco de Europa à cultura dos Estados Unidos. Apresentou à classe média norte-americana nomes como Walter Benjamin, Roland Barthes e Godard.

Neste século, foi a primeira a condenar Bush de todas as formas, mesmo tendo quase os Estados Unidos inteiro contra si. Também foi a primeira a cobrar da esquerda um posicionamento contrário a Fidel Castro. Mesmo perdendo amigos por isso.

Quando os fotógrafos surrealistas estavam na moda, atacou-os dizendo que eles não passavam de "turistas burgueses" que "se deliciavam" diante do espetáculo da sordidez.

Quando escreveu, ousou como nunca, acertou como sempre. São tocantes suas teses em A Doença como Metáfora e Sobre a Fotografia. No primeiro livro, apresenta de forma belíssima um ensaio sobre o câncer e a tuberculose e as fantasias em torno dessas doenças.

No segundo livro, publicado em 1977, fez aquele que considero o melhor e mais sensível livro já escrito sobre a arte de fotografar. Foi publicado no Brasil em 1983 e republicado este ano pela Companhia das Letras (R$ 36). Cito alguns trechos:

"Fotografar é, em essência, um ato de não-intervenção. A pessoa que interfere não pode registrar; a pessoa que registra não pode interferir"

"Uma câmera é vendida como arma predadória - o mais automatizada possível, pronta para disparar. Falamos em "carregar" e "mirar" a câmera e em "disparar" a foto. As pessoas talvez aprendam a encenar suas agressões mais com câmeras do que com armas. Um caso em que as pessoas estão mudando de balas para filmes é o safári fotográfico, que está tomando o lugar do safári de armas"

"Ninguém jamais descobriu a feiúra por meio de fotos. Mas muitos, por meio de fotos, descobriram a beleza. Salvo nessas ocasiões em que a câmara é usada para documentar, ou para observar ritos sociais, o que move as pessoas a tirar fotos é descobrir algo belo. É comum, para aqueles que puseram os olhos em algo belo, lamentar-se de não ter podido fotografá-lo. As fotos, mais do que o mundo, tornaram-se o padrão do belo"

Por último: sabe aquela história de dizer que algo é tão ruim, mas tão ruim, que acaba ficando bom? Tudo é tão exageradamente ridículo que acaba ficando engraçado? Pois é, quem teorizou sobre isso foi Susan Sontag, em 1964, no até hoje badalado texto Notas sobre o camp. Era, segundo ela, o "abuso do artifício, do exagero e da estilização, em vez de uma aposta no conteúdo".

22.12.04

Presente para os notívagos



Na madrugada desta quarta para quinta, às 3h20, será exibido na Globo aquela que é, para mim, uma das melhores comédias que Woody Allen já fez: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa.

Allen faz, no filme, o papel de um humorista judeu divorciado que tem problemas no amor e Diane Keaton interpreta uma cantora noturna em início de carreira.

O filme é de 1977. Ganhou Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz e Roteiro Original.

19.12.04

Escola de Rock em Goiânia

Imagine que, por excesso de estrelismo, você é um roqueiro recém-demitido de uma banda. Sem ter dinheiro para pagar o aluguel, você engana um amigo e começa a dar aulas como professor substituto em uma escola particular primária muito conservadora dos Estados Unidos.

Só que, em vez de seguir aquele plano de aula rígido, você começa a dar aulas de rock, da teoria à prática. Tentando fazer com que ninguém fora da classe descubra sua aventura. O resumo acima é do filme Escola de Rock, de Richard Linklater, que esteve em cartaz em 2004 no país e foi, seguramente, uma das melhores comédias do ano. Dois dos atores principais foram Dewey Finn (que interpreta Jack Black, o professor de rock) e Joan Cusack (que faz o papel de Rosalie Mullins, diretora da Escola). Ambos, por sinal, estiveram juntos com John Cusack no clássico filme pop Alta Fidelidade.

Imagine agora que você é um jornalista inglês e tem a idéia de fazer uma matéria tendo como pano de fundo a concepção do filme. Reúne seis crianças de 6 a 7 anos em uma sala e põe clássicos do rock-n’roll para tocar. A partir da reação delas, escreve uma matéria. Foi o que aconteceu no jornal The Guardian em janeiro deste ano.

Mesmo que você esteja cansado de imaginar, faça uma força para adivinhar agora o que é que eu e Andrea Regis fomos fazer? Sim, tentar reproduzir a pauta do The Guardian, baseada no filme Escola de Rock, e ver como reagiriam cinco crianças de Goiânia.

Claro que algum orelhudo vai reclamar que a idade das crianças (entre quatro e seis anos) é baixa, outro vai reclamar que é um absurdo colocar músicas em inglês para crianças brasileiras ouvirem e, por último, alguém vai reclamar que a pauta é furada (ou copiada, o que é pior).

Assim mesmo, de preferência livre de preconceitos, convidamos você para acompanhar o resultado do contato entre crianças e rock da melhor qualidade. Uma coisa é certa: tudo é surpresa. Especialmente quando elas ouviram Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. Quer ler a matéria? Saiu no jornal Tribuna do Planalto. Para lê-la, basta clicar aqui.

15.12.04

Prêmio Esso

A repórter Marília Assunção, do jornal O Popular, agora é parte integrante da história do maior prêmio do jornalismo brasileiro. A jornalista levou o Prêmio Esso de Informação Científica, Tecnológica e Ecológica pela matéria "Câncer afeta 18 vizinhos do Césio". Além do reconhecimento profissional, Marília ganha R$ 5 mil e um diploma.

14.12.04

Fica 2004: última chance

Os vencedores do VI Fica, incluindo o badalado Surplus, ganham nova mostra no Cine Cultura. Serão exibidas todas as películas premiadas e também as que ganharam menção honrosa no Festival Internacional de Cinema Ambiental deste ano. A maratona começa neste dia 20 (segunda-feira) e vai até 23 (quinta-feira). Para quem perder, reprise de 26 a 29 de dezembro. Entrada franca.

Salles no Globo de Ouro

Walter Salles pode novamente ter um filme ganhando o Globo de Ouro, segunda premiação mais importante de Hollywood. Diários de Motocicleta está na lista dos cinco finalistas e já é o oitavo filme estrangeiro mais visto nos Estados Unidos em todos os tempos. Os vencedores serão conhecidos dia 16 de janeiro.

Clique aqui e veja a lista completa de indicados ao Globo de Ouro de 2005.

E também clique aqui e veja a crítica deste blog ao filme Diários de Motocicleta.

O fim de semana mais longo do ano


Parece desânimo, mas não é. No Noise, quem dança é minoria

Todo o ano a dupla Bananada/Goiânia Noise tem o dom de fazer o fim de semana ficar maior do que aparentemente é. Com este Noise que acabou anteontem não foi diferente. São muitos shows, a noite fica longa, a madrugada é deliciosa e não há cansaço físico que supere o descanso mental.

Apesar do temor, todos sobreviveram ao Martim Cererê. Uma amiga disse algo curioso: o fato de todos acharem que os ingressos iriam se esgotar pode ter criado um clima de que não valia a pena ir ao Martim em cima da hora pois, seguramente, não haveria mais ingressos.

Aos fatos: não foram colocados a venda apenas 1000 ingressos por dia, como se previa. Todo mundo que quis, entrou. Na média, então, cerca de 1500 pessoas por dia pagaram para ver o evento.

E mais: aquele papo de cobrar R$ 30 no dia foi felizmente para o espaço, com o preço de ingresso antecipado (R$ 20 a inteira ou R$ 10 a meia) sendo mantido para quem comprava na hora.

Ano passado, o Noise foi para o Jóquei, onde ninguém ficou de fora (e houve um público médio de 3000 pessoas por dia). Estaria o Goiânia Noise sofrendo um recuo, principalmente pelo fato de voltar ao Martim em vez de buscar um lugar maior ou igual ao Jóquei?

Definitivamente, não. Esse lenga-lenga todo que fiz sobre este assunto dos ingressos não faz sentido para eventos como o Noise. Apesar de ser um festival bem profissional (felizmente), o sucesso dele não pode ser medido pela quantidade de gente que comparece e, sim, pela qualidade da música oferecida e pelo público singular que está disposto a ouvir mais e dançar menos.

Outra coisa: este Noise só não foi maior porque os R$ 250 mil que a gravadora Monstro Discos tinha captado, via leis de incentivo na iniciativa privada, foram reduzidos a R$ 16 mil. Daí a solução, rápida e urgente, de fazer o festival no Martim Cererê.

E os shows?
Na sexta, como sempre, deu menos gente. Embora não fosse o dia de melhores shows, foi o dia em que deu pra assistir a tudo com mais tranqüilidade, menos empurrões e menos calor. Foi também o dia de maior atraso. O primeiro show, Mob Ape, começou às 20 horas (e não às 18 horas). No balanço do dia, destaque para Sapatos Bicolores, Violins (apesar de incrivelmente curto) e Muzzarelas. Bicolores ganhou no quesito bom-humor, Violins por carregar mais no rock do que o habitual e Muzzarelas pela irreverência.

No sábado, Terrorista da Palavra me surpreendeu por tentar passar algo de rock and roll. É o tipo de banda que vale estar ali para dar um toque multicultural ao Noise, já que não tem medo de brincar com os saraus. Faichecleres entra na lista das surpresas, pela espontaneidade e homenagem aos anos 60. Valv empolgou o público com Over it e fez um show à altura das expectativas. Réu e Condenado, com Daniel Drehmer e Francis Leech, pela primeira vez me cansou. Tudo se repetiu demais, exageradamente. Não foi um show ruim, mas cansou. Destaque no dia, ainda, para Astronautas e Devotos de Nossa Senhora Aparecida.

No domingo lamentei muito ter perdido Daniel Belleza, show que todo mundo diz ter aplaudido de pé. Valentina mandou bem e comprovou aquela tese de que eles cantam melhor em português do que inglês. O grande show da noite - e, para mim, o melhor de todo o festival - foi o do Bidê ou Balde. O som new wave deles empolga qualquer um e o teclado bem usado salva até o fato das letras serem fracas.

Cultura inútil

O último Censo do IBGE, realizado em 2000, apontou que 7,3% dos brasileiros não tinham religião, mesmo quando manifestavam algum tipo de espiritualidade.

No Orkut, se fizerem um censo por lá, acho que descobrirão que algo em torno de 90% dos brasileiros se declaram "Spiritual but not religious".

10.12.04

Marconi diz que cassação é "estupro"

O governador Marconi Perillo (PSDB) falou há cerca de uma hora, pela primeira vez, sobre o processo de cassação que sofre no TSE, onde já perde por 1x0 graças ao voto do relator, Luiz Carlos Madeira. O governador disse que o PMDB "erra" em pedir sua cassação no TSE, já que ele foi absolvido nas instâncias locais.

Apesar da face irritada, Marconi disse estar tranqüilo e que será absolvido outra vez, também no TSE, apesar do relator do processo e do Ministério Público pedirem o contrário. A entrevista, concedida no aeroporto de Goiânia, discorreu sobre seu périplo pelo Oriente e, ao final, surgiu a pergunta sobre a cassação. Foi quando Marconi disse que o processo de cassação era um "estupro". E encerrou a entrevista.

A tranqüilidade de Marconi, se for verdadeira, ao menos deve ter sido abalada hoje pela manhã em Brasília, em conversa com seus advogados. Para eles, a possibilidade de cassação é grande e a saída do tucano, por enquanto, é ir tentando adiar o julgamento. Fosse julgado hoje, Marconi seria condenado e perderia o mandato.

O TSE ainda se reúne este ano por duas vezes: na terça, 14, e na quinta, 16 de dezembro. Os advogados garantiram a Marconi que, pelo menos, ele não será julgado este ano. Mas em 2005 a batalha continua.

Marconi busca apoio para não ser cassado

O governador de Goiás, Marconi Perillo, mal chegou de suas viagens internacionais e, ontem mesmo, se reuniu com a cúpula do PSDB paulista. O assunto predominante foi um só: quer apoio político para não ser cassado no TSE.

Para quem não sabe, o relator do processo, Luiz Carlos Madeira, votou favoravelmente à cassação na terça-feira, 7, e o julgamento só não foi adiante porque o segundo ministro a votar pediu vistas (procure esta nota nos posts abaixo)

Marconi conversou com o prefeito eleito de São Paulo, José Serra, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ainda falou por telefone com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e com o vereador eleito de São Paulo, José Aníbal (ex-presidente do partido).

Precavido, Marconi ainda foi hoje cedo a Brasília, se encontrar com o governador do DF, Joaquim Roriz, e com os advogados que cuidam do sua defesa no TSE. Esses advogados voltaram a repetir a Marconi que a situação é tranqüila e que ele não será cassado.

Ainda assim, o assunto não sai da cabeça de Marconi. Hoje, às 16 horas, ele concede entrevista coletiva no Palácio das Esmeraldas. Só não se sabe se ele aceitará falar do assunto.

Livro vai contar história do Goiânia Noise



O jornalista Pablo Kossa (foto) está escrevendo um livro para contar a história das 10 edições do Goiânia Noise Festival. A idéia original era escrever um livro sobre a Monstro Discos, gravadora independente que promove várias bandas locais e organiza o evento anualmente.

- Queria mostrar como uma gravadora independente, totalmente quebrada financeiramente e longe demais das capitais conseguiu tamanho destaque em todo País. Mas a Monstro é muito nova, enquanto o Goiânia Noise faz dez anos em 2004, uma data emblemática. Fui conversando com os caras da Monstro e decidimos fazer o livro. Entrei em contato com Iúri Godinho, da Contato Comunicação, ele achou do caralho a idéia e topou incluí-lo numa série de lançamentos sobre a história de Goiás.

Para mostrar que o projeto é sério, Pablo diz que o livro já tem até data de lançamento: 16 de abril de 2005, com festa e tudo. Das nove edições realizadas (a décima começa exatamente hoje), Pablo conta que já foi em seis.

- A primeira, acho que nem fiquei sabendo, ou se fiquei, não me marcou e não me motivou. Passou batido. Na quarta edição, eu estava fazendo cursinho e priorizei os estudos. Na quinta, que foi no Território Brasileiro, achei que tinha pouca banda de fora, tinha outra festa massa no final de semana e preteri o evento em prol de uma bebedeira de graça.

Pergunta clássica na mesa do buteco: "qual o melhor show que você já viu em um Goiânia Noise?". A resposta de Pablo começa com aquelas enrolações típicas dele, mas no final sai alguma coisa.

- Pode ser um show que você não dava nada e a banda fode com tudo, faz um show do caralho e surpreende. Pode ser aquele que você esperava muito e o cara destrói mesmo, de cair o queixo. Pode ser uma banda de abertura que, tocando para dez curiosos, dá o sangue e mata a pau... De sopetão, me lembro do Coringa e Tequila Baby da segunda edição, Baratas Tontas da terceira, Bidê ou Balde e Wander Wildner na sexta. Cada um teve um motivo especial.

Pablo não faz parte do grupo de fãs do Noise que hoje comemora a volta do evento ao Martim Cererê, por considerar o local mais intimista, aconhegante etc. Para ele, quem prefere o Martim é "sectário".

- Não adianta querer ser sectário e achar que é dono do underground. O Cererê não suporta mais um evento do porte do Noise. Creio que este ano vai haver sérios problemas de falta de ingresso, como já aconteceu em outras edições. Quem não comprar antecipado vai dançar mesmo! O Jóquei seria um espaço mais apropriado, mas podem existir outros. Basta pensar e ter criatividade.

No Martim ou no Jóquei, por que um evento como o Noise pegaria logo em Goiânia? Para Pablo, é fácil explicar.

- É só trabalhar com profissionalismo, mostrar que o rock não precisa ser sujinho, tosquinho e feinho. Pode ter mulher bonita, cerveja gelada, boas bandas em equipamentos de som com qualidade... Enfim, fazer bem feito. Não tem muito mistério não. Ele também não se preocupa com outra discussão clássica. Quem toca no Noise é alternativo mesmo?

- Não me preocupo muito com esse rótulo para as bandas... O que é ser independente nesse mercado fonográfico em transição de hoje? Será que o Planet Hemp, que tem contrato assinado com a Chaos e distribuído pela Sony é independente? Ou o Ed Motta que está na Trama? Ou a Beth Carvalho que está lançando disco em banca de revista? Existe uma coerência entre todas as bandas que já tocaram no Noise, que é a postura perante o mercado, independente de estar vinculado à alguma gravadora ou não.

Já quase no fim do bate-papo com Pablo, uma revelação que pode espantar. Para o jornalista, eventos como o Goiânia Noise são "cansativos".

- São totalmente cansativos. Tem que ter um gás bom para assistir tudo. Eu não dou conta mesmo. Priorizo o que quero assistir e muitas vezes não consigo. É foda! Pego o flyer e, a priori, não assisto bandas de Goiânia. Só se eu gostar demais da banda, como Mechanics, MQN ou Valentina. Senão, não rola! É mais fácil vê-los novamente em outro show na cidade do que as bandas de fora. Outra coisa, se a banda não for dos estilos que eu gosto, não arrisco. Fico de fora bebendo cerveja, conversando com os amigos e dando uma descansada. Esses momentos, muitas vezes, são os mais legais do festival.

O que assistir na décima edição do festival, que começa hoje? Listeiro fanático que é - Pablo costuma fazer listas até de sonhos para 2005 - o jornalista diz que, dos 44 shows, pré-selecionou 25 para assistir.

- Mas se eu conseguir ver 15, estou satisfeito. Se for para destacar só um, fico com o Cachorro Grande pela visceralidade. Bidê ou Balde, Detetives, Tequila Baby, Relespública, Mustang, Pata de Elefante e Faichecleres também poderiam ser citados.

Noise começa hoje



Começa hoje, às 19 horas, a décima edição do Goiânia Noise, para muitos o maior festival de rock independente do país. Depois de uma edição no Jóquei, o evento volta ao Martim Cererê (Rua 94-A, Setor Sul), que foi palco do Festival em 2001 e 2002.

Há os que entendem que o Martim é melhor, por combinar mais com o evento. O lado ruim (e que me faz ter saudades do Jóquei) é que apenas 1000 pessoas por dia poderão assistir aos shows.

Para quem não comprou antecipado, no dia de hoje os ingressos serão vendidos na bilheteria do Martim Cererê por R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Qualquer documento (carteira de estudante, comprovante de matrícula, carteira da biblioteca...) vale como identificação estudantil. Os portões serão abertos às 18 horas.

O último show de hoje está programado para às 2 da manhã mas, com os habituais atrasos, deve começa por volta de 3. Destaques? Veja a programação completa no próprio site do festival, com descrição específica de cada banda. É só clicar aqui.

9.12.04

Quem é o roqueiro?

"Olho para os caras, olho meu reflexo na janela de um carro que passa. Quem é o roqueiro? Eu pareço saído do filme Quase Famosos, eles, do Porky´s. Foi-se o tempo em que roqueiro brasileiro tinha cara de bandido..."

O trecho acima é parte de uma divertida matéria que o jornalista gonzo Pablo Kossa publica hoje no DM Revista do Diário da Manhã sobre a banda Réu e Condenado, que toca neste sábado no Goiânia Noise. Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.

8.12.04

CFJ será rejeitado

O PT articula para que o projeto do Conselho Federal de Jornalismo seja votado ainda este mês no Congresso Nacional. E a tendência é que ele seja rejeitado por ampla maioria, incluindo os votos petistas.

Relator é favorável à cassação de Marconi

O ministro do TSE Luis Carlos Madeira, relator do processo que julga o mandato sub judice do governador Marconi Perillo (PSDB), votou ontem favoravelmente à cassação do diploma de Marconi e do seu vice Alcides Rodrigues (PP).

A ação (denominada no juridiquês de Recurso Contra Expedição de Diploma - RCED 634) já tinha, desde agosto, parecer favorável do Procuradoria Geral Eleitoral.

Madeira aceitou também o pedido de inelegibilidade do governador Marconi Perillo pelo prazo de três anos a contar do pleito de 2002 (o que não teria efeito prático, já que a próxima eleição acontece em 2006).

Os outros ministros só não votaram ontem porque o segundo a analisar o processo, Carlos Eduardo Caputo, pediu vistas.

O julgamento, agora, será decidido nesta quinta-feira, dia 9, se não for novamente adiado para o dia 14 de dezembro. Nos bastidores, muitos dizem que a chance de Marconi perder o mandato no TSE é de 90%. Mas também há quem diga que pelo menos quatro ministros votarão com o tucano, o que já seria suficiente para absolvê-lo.

Lançamento de bons livros

Hoje, às 20h30, serão lançados livros de ponta da pesquisa científica goiana em Ciências Sociais. Ao todo serão autografadas quatro obras feitas em parceria por duas editoras goianas (Vieira e Cânone) no Grande Hotel (Avenida Goiás esquina com a Rua 3, no Centro), com entrada franca.

O destaque é o livro Goiás - Sociedade & Estado, organizado pela professora de Ciências Sociais da UFG, Dalva Borges. Neste livro há os seguintes artigos:

. A Política Tradicional em Goiás - Itami Campos
. Mobilização Social e Tradicionalismo Político em Goiás - Francisco Rabelo
. O Golpe em Goiás - da própria Dalva Borges
. O Bipartidarismo em Goiás - Pedro Célio Borges
. Formação e Representações do Estado em Goiás - Pedro Célio Borges

Outros dois lançamentos são Políticas Públicas e Sociedade Civil e Políticas Públicas e Cidadania, ambos com organização dos professores Francisco Rabelo e Genilda Bernardes. Haverá também o lançamento de O Terror e a Dádiva, de Pedro Paulo Gomes Pereira, resultado da tese de doutorado em Antropologia que critica algumas entidades que tentam "ajudar" os soropositivos.

Todos os autores acima citados são professores da graduação em Ciências Sociais e do Mestrado em Sociologia da UFG, com exceção de Itami Campos (professor aposentado da UFG e em atividade na Alfa).

4.12.04

Marconi pode perder mandato ainda em 2004

Não são enormes, mas também não são remotas, as chances de o governador Marconi Perillo (PSDB) ter seu mandato de governador cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda este mês.

Anteontem, dia 2, o TSE adiou o julgamento da ação que pedia a cassação do diploma de Marconi, que também o tornaria inelegível. Se não for novamente adiada, a ação deverá ser julgada na terça-feira, 7 de dezembro.

Marconi está com mandato sub judice por supostamente ter cometido o crime de uso indevido dos meios de comunicação social em sua campanha à reeleição em 2002. A ação, de 98 páginas, que está no TSE, tem parecer favorável do Ministério Público Eleitoral desde o mês de agosto deste ano.

Se Marconi for cassado, quem assume imediatamente os dois anos restantes de mandato é o segundo colocado da eleição, Maguito Vilela (PMDB). Se Maguito assumir, o PMDB passa a ter a prefeitura de Goiânia e o governo do Estado em suas mãos, além ser aliado preferencial do governo federal.

Para saber do início de tudo, leia:
Parecer pede cassação de governador Marconi Perillo

Sandy, Sandes e sandices

Vi hoje no blog do jornalista Ricardo Noblat uma nota interessante do colunista Inaldo Sampaio, do Jornal do Commercio:

"A contratação da dupla Sandy e Júnior, pela prefeitura do Recife, por R$ 480 mil, para fazer uma apresentação por ocasião dos festejos natalinos, continua repercutindo negativamente.

Ontem, o internacionalmente consagrado violinista Cussy de Almeida, que dirigiu o conservatório Pernambucano de Música durante o governo de Joaquim Francisco, externou também a sua indignação com o que chamou de `sandice`. "


Foi o mesmo termo "sandice" que Rachel Azeredo (PFL) usou na campanha para a prefeitura de Goiânia em 2004, quando queria desqualificar o seu adversário Sandes Júnior (PP).

3.12.04

Sob o Domínio do Mal



A refilmagem de Sob o Domínio do Mal, em cartaz nos cinemas, é tão ruim quanto o original, de 1962. O maniqueísmo primário é latente, as conspirações são forçadas e o roteiro tem furos do início ao fim.

Dirigido por Jonathan Demme (O Silêncio dos Inocentes), a história é centrada em um soldado (Denzel Washington) que, após retornar da Guerra do Golfo de 1991, descobre ter passado por uma lavagem cerebral comandada por uma grande corporação enquanto fora prisioneiro do inimigo.

Nem mesmo Meryl Streep, espécie de patrimônio vivo do cinemão americano, consegue se safar do esteriótipo de mulher malvada, erro típico de filmes que mostram o sexo feminino no poder.

1.12.04

Inner Circle: show cancelado

A banda de reggae Inner Circle cancelou seu show previsto para Goiânia. O evento seria realizado sexta, dia 3 de dezembro, no Goiânia Arena.