Descaminho

29.10.04

Playback no show dos Pretenders?

Ao contrário do que se imaginava, não há ingresso de pista para o show dos Pretenders, que acontece neste sábado, véspera de eleição, no Goiânia Arena. A idéia é que todos fiquem sentados, seja em camarotes, ao redor de mesas ou em cadeiras simples.

O show tem início marcado para 22 horas, embora até as pedras do Goiânia Arena saibam que ele não começa antes das 23 horas. Os portões, diz a organização, serão abertos às 21 horas. A expectativa é que 16 mil ingressos sejam vendidos.

A vocalista Chrissie Hynde deve, como sempre, se manifestar contra o consumo de carne (algo que Rita Lee também fez este ano no mesmo Goiânia Arena, no Go Music). Chrissie é uma das líderes do Peta (People for the Ethical Treatment of Animals). Costuma dedicar a música I'll stand by you aos "animais que morreram de maneira cruel", segundo suas próprias palavras. Aliás, I'll Stand By You costuma ser cantada com acompanhamento apenas dos teclados.

Ela também deve cantar Kid, que é dedicada aos dois integrantes que morreram por overdose de cocaína (o guitarrista James Honeyman-Scott e o baixista Pete Farndon).

Ninguém sabe se vai ser assim em Goiânia, mas a banda costuma voltar ao palco três vezes, quando há gritos de "bis". A vocalista também tem o hábito de conversar com a platéia durante o show inteiro, entre uma música e outra.

O set list do show inclui, entre outras canções, Message Of Love, Talk Of The Town, I Go To Sleep, Hymn to Her, Back On The Chain Gang, Stop Your Sobbing e, sempre encerrando o show, Brass In Pocket.

Ah, tem algo que ela costuma fazer durante muitos shows que costuma irritar o público: playback. A alegação é que a voz inevitavelmente acaba. Mas, nos últimos shows, não faltou quem se sentisse enganado.

Serviço
The Pretenders
Quando: sábado, a partir das 22 horas
Portões abertos: 21 horas
Onde: Goiânia Arena
Ingressos: cadeira (25 reais - meia e 50 reais - inteira)
camarote Nova Skin (50 reais, com open bar)
camarote Blend (390 reais para mesa de quatro pessoas)
mesas (a partir de 160 reais)
Vendas antecipadas: Bridge (Shopping Buena Vista), Trupe do Açaí ou pela internet
Mais informações: 281-0491
Detalhe: A partir das 3 horas da madrugada de domingo começa a vigorar a lei seca, em função da eleição

26.10.04

Maria Rita merece palco melhor



Maria Rita voltou a Goiânia, dia 23. Primeira coisa a ser notada é que o público do show (cerca de 1100 pagantes) foi bem menor do que aquele que lotou as 2000 cadeiras do Teatro Rio Vermelho no ano passado (quando o ingresso custava 80 reais e não entre 30 e 40, como agora).

Além de não haver mais o marketing agressivo do lançamento, outros fatores que contribuíram para o baixo público foram a chuva, o excesso de eventos culturais no dia 23, o ingresso ainda caro e, principalmente, o local distante e péssimo para shows (CEL da OAB).

A luz amarela que saía do chão — que quase arruinou o show de Zeca Baleiro — desta vez desapareceu. Mas a acústica continuou ruim, o clima abafado estava ainda mais forte e a distribuição das cadeiras (amarradas por cordões!) dos setores A e B estiveram mais desproporcionais do que nunca.

Sobre o espetáculo em si, tudo foi muito parecido com o show do Centro de Convenções, realizado em novembro do ano passado (não contando as diferenças acústicas dos dois palcos). Quem quiser mais detalhes do show de um ano atrás, que se repetiu agora, é só clicar aqui.

Decepção

Qualquer gato vira-lata tem uma vida sexual mais sadia que a nossa esteve em Goiânia na sexta, 22, e no sábado, 23. É uma daquelas peças esquecíveis. Juca de Oliveira, quando escreveu, e Bibi Ferreira, quando resolveu dirigir, certamente não estavam bem.

A iluminação se atrapalha, o cenário é batido, as interpretações são péssimas e as piadas não convencem. A direção colocou nos atores uma voz horrível, um tom não-naturalista típico de seriados americanos (a da atriz Fabiana Alvarez é uma caricatura da voz de Jennifer Aniston, a Rachel de Friends).

O mais grave, no entanto, é o texto que mistura psicologia de buteco com machismo dos anos 30. Não funciona como piada de salão, muito menos como teatro.

PUC em Goiânia

Na sexta, 22, entre uma música e outra no Goiânia Arena, Dinho Ouro Preto disse que tem saudades do show que o Capital Inicial fez em Goiânia em 1998. "Foi no pátio da PUC, que é bom demais, cara", disse ele.

No sábado, 23, a personagem interpretada por Fabiana Alvarez na peça Qualquer gato vira-lata tem uma vida sexual melhor do que a nossa disse que era "estudante do 4º ano de direito da PUC de Goiânia".

No primeiro caso, demagogia em estado puro que resultou em gafe. No segundo caso, tentativa demagógica de "regionalizar" o roteiro de uma peça (que Sartre, nos anos 60, já denunciava como arte de má-fé).

Dinho: trégua para Bush

Pela terceira vez em menos de um ano o Capital Inicial esteve no Goiânia Arena. O show de sexta-feira, 22, entretanto, foi o mesmo de sempre. Dinho Ouro Preto contou as mesmas piadas, voltou a dizer que Goiânia é "a capital brasileira do rock" e praticamente cantou as mesmas músicas.

Sem novidades, o cover de Wonderwall, do Oasis, que ficou ausente dos dois últimos shows, voltou nesta apresentação. A banda tocou também duas músicas da Legião Urbana (segundo Dinho, "a maior banda de rock que o Brasil já teve") e apresentou uma imensa Natasha inflável (a parte mais risível do show).

Ah, é verdade: nove mil pessoas pagaram para ver o show, que durou 2h20m. E, pela primeira vez em muitos anos, Dinho não xingou George W. Bush.

"Interesse público"

Prometi que evitaria falar de política neste blog, mas essa notícia aqui, publicada hoje na coluna da Monica Bergamo, na Folha de S.Paulo, é de deixar qualquer um assustado. Para ler, reler e tentar acreditar.

" Sem qualquer alarde, o presidente Lula vetou o projeto de lei que previa que a mulher, caso espancada ou agredida dentro de casa, poderia ir embora sem com isso perder os direitos sobre os filhos e sobre os bens que tem com o marido. É o projeto do "abandono justificado do lar". Lula vetou o projeto alegando "contrariedade ao interesse público".

O veto causou enorme desconforto entre as senadoras do PT, principalmente porque foi defendido pela secretária Nilcéia Freire (Política para Mulheres), também do PT, do Rio de Janeiro, que acha que o Código Civil já dá conta do recado. A polêmica está sendo abafada por causa das eleições — as petistas não querem atrapalhar as candidatas mulheres do partido, como Marta Suplicy e Luizianne Lins.
"

Para ler a matéria no próprio site da Folha de S.Paulo, clique aqui.

23.10.04

Ingressos esgotados

Já estão esgotados os 2000 ingressos para a apresentação de amanhã da Orquestra Sinfônica de São Paulo.

A bilheteria do teatro Rio Vermelho havia programado a distribuição das entradas a partir das 9 da manhã mas, em função da fila de mais de 400 metros que se formou do lado de fora do teatro já às 8 horas, a distribuição foi feita antes.

Às 8h50 já não havia mais nenhum ingresso. Às 9h30, quando saí de lá, a fila permanecia imensa. A maioria não acreditava no que a bilheteria dizia.

Detalhe: dos 2000 disponíveis, 400 foram reservados para "autoridades" do governo estadual. Estes, claro, não estiveram na fila.

22.10.04

Para os 71 anos de Goiânia

Cumprindo calendário em 15 capitais brasileiras, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo se apresenta em Goiânia no domingo, 24, data do aniversário da cidade. 1900 ingressos serão colocados à disposição do público de Goiânia, a partir de amanhã.

Um dia antes, a orquestra se apresenta em Brasília, na Sala Villa-Lobos.

Serviço
Concerto da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Regência: Maestro John Neschling
Quando: domingo, dia 24, a partir das 17 horas
Onde: Teatro Rio Vermelho
Ingresso: deve ser retirado gratuitamente na bilheteria, a partir das 9 horas da manhã de sábado, 23. Cada pessoa só pode retirar dois ingressos

Programa:
- Abertura de Il Guarany
Carlos Gomes
- O Pássaro de Fogo
Igor Stravinsky
- Sinfonia nº 5 em Mi Menor, Op 64
Piotri Tchaikovsky

Diálogo

"A meia-entrada vale para todo mundo, mesmo quem não é estudante." Foi assim que a moça do guichê que vende ingressos para o show da Maria Rita me atendeu. Segundo ela, meia-entrada para estudante "continua valendo" mas a organização "resolveu fazer uma promoção" para quem também não é estudante.

Shows do final de semana

22/10 - Capital Inicial
Local: Goiânia Arena
Horário: 22 horas
Ingresso: R$ 40 (inteira e camarote) e R$ 20 (meia)
Vendas: Tribo do Açaí - Tel. : 281-6971

23/10 - Maria Rita
Local: Cel da OAB
Horário: 22 horas
Ingressos:
Cadeiras não-numeradas (em frente ao palco): R$ 40
Cadeiras não-numeradas normais: R$ 30
Vendas:
Tribo do Açaí - Tel. : 281-6971
Lips Fashion - Tel.: 3941-5079
Vacalhau e Binho - Tel.: 278-2929

21.10.04

Juca de Oliveira e Bibi Ferreira

Sucesso de público e de crítica, a peça Qualquer gato vira-lata tem uma vida sexual mais sadia que a nossa finalmente chega a Goiânia, depois de seis anos em cartaz pelo Brasil inteiro.

Serviço
Qualquer gato vira-lata tem uma vida sexual mais sadia que a nossa
Autor: Juca de Oliveira
Direção: Bibi Ferreira
Elenco: Giuseppe Oristânio, Cássio Reis e Fabiana Alvarez
Quando: 22 e 23 de outubro (sexta e sábado)
Onde: Teatro Goiânia

Horário: 21 horas
Preços: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
*Sessão extra no domingo, às 20 horas, no Teatro Municipal de Anápolis
Mais informações: 201-4685

Sinopse: A peça retrata a vida de três jovens que estão iniciando a vida adulta e vivem as dificuldades de uma experiência amorosa. A idéia desta comédia surgiu das observações do comportamento afetivo dos jovens, que hoje em dia vivem relacionamentos cheios de conflitos e desencontros. Com humor e originalidade, a peça funciona como um guia prático para um relacionamento perfeito indicado não só para os jovens mas também para os adultos.

MC5 em Goiânia está cancelado

A Monstro Discos anunciou, há poucas horas, o cancelamento do show que o MC5 faria em Goiânia em novembro, durante a décima edição do Goiânia Noise Festival. Segundo Leonardo Razuk, um dos sócios da gravadora, "motivos financeiros levaram a produtora a tomar essa decisão".

Veja parte da nota divulgada pela Monstro:

"Infelizmente, mesmo tendo um projeto aprovado na Lei Goyazes de Incentivo à Cultura, a Monstro Discos não conseguiu captar, junto à iniciativa privada, os recursos necessários para a realização do show em Goiânia.

A falta de patrocínios para a realização do show do dkt/MC5 ressalta o quanto é difícil fazer festivais de rock independente e shows internacionais deste porte numa cidade como Goiânia.

Mesmo com um festival completando seu 10º ano de existência e com a experiência de várias turnês e shows internacionais pelo Brasil, a Monstro Discos ainda encontra enorme resistência para viabilizar eventos como este na cidade. Sem recursos e sem um forte apoio, não restou outra alternativa à Monstro Discos a não ser cancelar o show. Diante disso, a Monstro Discos pede as mais sinceras desculpas aos fãs da banda, jornalistas, público em geral e a todos aqueles que, de alguma forma, apoiáram, acreditaram e sonharam em ver um show do MC5 em solo brasileiro.

No entanto, mantendo seu carátrer de resistência e luta, a produtora também informa que mesmo com o cancelamento do show do dkt/MC5 e com todas as dificuldades existentes, o 10º Goiânia Noise Festival continua de pé e será realizado ainda este ano. Na raça, como sempre! Mas numa nova data que será divulgada na próxima semana.

O 10º Goiânia Noise Festival terá a mesma estrutura das edições anteriores, com dois palcos, shows intercalados, praça de alimentação, stands de gravadoras independentes, livrarias e roupas. Além, claro, de uma programação que reunirá algumas das melhores bandas do rock independente nacional. O caráter festivo pelos 10 anos também será mantido, com muitas surpresas e uma exposição de fotos que relembrará todas as edições passadas do festival, considerado um dos mais importantes do País. Aguardem mais detalhes sobre a nova data e a programação completa do festival na próxima semana
."

O show da banda americana em Goiânia já havia virado matéria de duas páginas da Ilustrada da Folha de S.Paulo. O material, assinado por Lúcio Ribeiro, trouxe uma entrevista com Wayne Kramer e falou da Goiânia Rock City (veja reprodução abaixo).



O deslize irônico da matéria foi chamar Goiânia de "terra de Zezé di Camargo". Veja outros trechos:

"É como se fosse a chegada do Messias. O Messias do rock. O Brasil recebe para um show exclusivo em Goiânia, em novembro, a mítica banda americana MC5, `entidade` musical de Detroit que, no fim dos anos 60, pisou nas flores do movimento hippie californiano, cuspiu na swinging London, antecipou o hard rock, influenciou o punk e proporcionou uma série de outros chacoalhos que causaram irreversíveis danos (para o bem) na música."

"O MC5 versão 2004 passou o ano excursionando pelo mundo. Até acabar no Brasil, em Goiás, na Goiânia Rock City, naquele que pode ser mesmo o último show da banda, já que, segundo Wayne Kramer, 56 anos, `não há planos futuros para o MC5'."

"A oportunidade de Goiânia receber Wayne Kramer e sua turma para o seu Noise Festival não podia ser mais feliz. A cidade, apelidada na comunidade underground de Goiânia Rock City, tem no rock de garagem lá longe uma similaridade com a Detroit do MC5. Mas tem."

"O MC5, com Mark `Mud- honey` Arm dividindo o microfone com Lisa Kekaula, do BellRays, encabeça o elenco de 50 atrações desta décima edição, promovida, bancada e organizada pelo selo Monstro Discos."

"A programação do festival, que acontece nos dias 19, 20 e 21 de novembro no Planalto Central, ainda está por ser divulgada no site da `corporação` Monstro. (Mas alguns confirmados são Lobão, BNegão, Cachorro Grande, os bagunceiros do Los Pirata e Jumbo Elektro.) Os grupos punks Queers (EUA), e GBH (Inglaterra) e Tormentos (Argentina) engrossam o cardápio."

Para ler na íntegra, clique aqui.

Alguém concorda?

Marilena Chaui, professora de filosofia da USP, na revista Cult deste mês:

"A irresponsabilidade e o preconceito da mídia em relação ao governo Lula atingiram patamares que vão além do inadmissível. Não além do tolerável, mas do inadmissível mesmo. Logo, tomei uma decisão política: a de não permitir que eles tenham a ilusão de me informar. Com um contraponto: a Rede Globo. Essa eu não vejo porque me envergonho. Nem o Diário Oficial da União nem os jornais do PT são tão governistas quanto a Globo. Então, nesse caso, é por pudor que não vejo. Quanto aos outros, é efetivamente pela decisão de querer erguer uma barreira contra a pretensão da mídia de controlar meu pensamento"

Para ler outros trechos da entrevistas, clique aqui.
Para ler na íntegra, só comprando a revista.

`Só Carolina não viu`


Um filme e duas Carolinas: 'o tempo passou na janela e só Carolina não viu'

Parte do cinema nacional recente, especialmente aquele produzido pela Globo Filmes, tem repetido uma sutil estratégia que faz o cinema daqui ser cada vez mais americano.

A idéia é pegar diretores ruins e medianos do cinema nacional para dirigir filmes com elenco de primeira e alta profissionalização.

Vamos aos exemplos. Um, notável, é Cazuza. Sandra Werneck, como se sabe, é reconhecidamente uma diretora de poucos recursos. Foi escalada para dirigir o filme, mas com o auxílio de Walter Carvalho (papa da fotografia). O roteiro caiu na mão de Victor Navas e Fernando Bonassi, dois dos principais nomes da nova geração brasileira. A interpretação dos protagonistas foi toda ensaiada por Walter Lima Jr. No elenco de Cazuza, ninguém fez feio. Reginaldo Farias e Marieta Severo brilham tanto quanto Daniel Oliveira e Leandra Leal.

Vi hoje A Dona da História. Outra vez, um diretor reconhecidamente fraco: Daniel Filho. Para ajudá-lo, João Emanuel Carneiro (simplesmente o roteirista de Central do Brasil) que adaptou a ótima peça de João Falcão. No elenco, Marieta Severo, Leandra Leal, Rodrigo Santoro e Antonio Fagundes (dos quatro, apenas este último não é do primeiro time).

Assim, deficiências de um e de outro diretor são amenizadas. Exagero dizer que o cinema autoral morreu ou caminha para isso, mas cada vez mais o cinema brasileiro se parece com o americano. Por lá, há muito tempo ficou resolvido que o cinema é fortemente feito em torno dos atores.

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Se alguém acha injustiça dizer isso de Daniel Filho, compare A Dona da História com A Partilha (possivelmente um dos piores filmes já feitos pelo cinema nacional, especialmente por ter sido baseado na peça sofrível de Miguel Falabella e por ter engessado João Emanuel Carneiro).
Se alguém pensa que Sandra Werneck está sendo injustiçada, veja a linguagem de Pequeno Dicionário Amoroso e Amores Possíveis.
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Em suma, A Dona da História conta a história de Carolina no passado e no presente. Acontece um auto-embate entre a jovem cheia de sonhos e a senhora cansada de um casamento de mais de 30 anos. Tudo bem que a história é bobinha, mas não fica atrás das comédias românticas dos Estados Unidos.

Um crime, no entanto, é comedido. O que se faz com Débora Falabella no filme é terrível (ótima atriz que é quase desperdiçada). Perceba a gravidade: ela interpreta praticamente a mesma personagem de Lisbela e o Prisioneiro (quando é uma jovem ingênua que sonha ser atriz e vive dizendo que a vida é um filme).

O resultado é que o diretor perde a oportunidade de explorar bem o potencial de Débora. Potencial que foi visto, em 2001, em Françoise (um dos melhores curtas que o cinema brasileiro já fez) e em 2003 com Dois perdidos em uma noite suja.

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Por fim, um alerta para quem pretende ver especificamente este filme em Goiânia: a cópia do Cine Stadium Center (do Flamboyant) está ruim, cortando trechos inteiros do filme original. Se não quiser passar raiva, passe longe de lá.

20.10.04

Para ver, mas sem expectativas


Maria Bonnevie interpreta a Aimée no filme de Boe

Não é que Reconstrução de um amor, do dinamarquês Christoffer Boe, faça feio. O problema do filme é não explicar as razões de sua existência. O roteiro não é original: fala de um fotógrafo apaixonado que se perde nas besteiras que faz.

Idas e vindas no tempo, literatice e fotografia granulada da cidade Copenhagen irritam o espectador que pretende ver algo mais. Irritam porque não há nada para ser visto, o que leva qualquer um a concluir que o proposta de cinema noir neste caso é mais vaidade do que realidade.

Deve ser visto? Se for com pouca expectativa, sim. É possível até gostar. Mas não caia na bobagem de ler algumas entrevistas do diretor. Nelas, Boe parece ser o novo Godard quando, na verdade, não passa de um Brian De Palma cheio de limitações.

17.10.04

O cínico-doce Kill Bill 2



Com o segundo volume de Kill Bill, percebe-se que o primeiro foi esticado desnecessariamente. Antes, o diretor Quentin Tarantino investiu demasiadamente em cenas de batalha, que, mesmo com um toque de originalidade e exotismo, prolongaram-se em excesso.

Por isso Kill Bill 2 é melhor que seu antecessor (que já era bom). Diálogos inteligentes (em que os personagens não parecem ter pressa), história amarrada, tudo é ingrediente suficiente para uma obra-prima da cultura pop.

Tem-se a impressão que a voz de Uma Thurman foi trabalhada na medida certa para o filme, ficando em um patamar que chamo de cínico-doce (parecida com a de Nicole Kidman no também ótimo Dogville).

Por falar em Dogville, é perceptível a alegria do público no cinema na cena em que Uma Thurman arranca e pisa no olho de Daryl Hannah. Essa "crueldade" parece ou não os momentos finais de Dogville?

Além de bater palmas para os faroestes e o cinema asiático dos anos 70, o filme é também uma homenagem ao público que sempre detestou este gênero cinematográfico: as mulheres. Só que aqui, em vez de galãs, temos uma noiva que luta por sua honra. E, ao contrário do que indicava o primeiro filme, uma boa discussão sobre caráter rola durante as mais de duas horas.

Entrevista com Nicole Algranti

Como Clarice Lispector é tema recorrente neste blog, indico agora a leitura de uma entrevista belíssima concedida por Nicole Algranti, diretora de O Ovo e sobrinha-neta de Clarice. A seguir, alguns trechos.

"Fazer Clarice Lispector no cinema foi um grande desafio. Inclusive fui ao cemitério, no túmulo dela, pedir permissão"

"Serei sincera: se eu tivesse feito um filme com Maria Bethânia narrando e toda a imagem da tela preta, seria um filme tão bonito quanto o que está aí"

"Carla Camurati, por acaso, mora em frente ao filho de Clarice e estava se comunicando com ele, pois pensava em fazer um filme para criança com base em um texto da autora"

"Tive, sim, contato com Clarice até os 12 anos. Guardo lembranças dela, mulher sagitariana fortíssima, irmã de minha avó, que ainda está viva. Uma coincidência é que, quando nasci, Clarice havia se queimado. Não sabemos se foi realmente com o cigarro ou um curto-circuito no ar-condicionado. Minha mãe, grávida de nove meses, foi visitá-la no hospital. Quando a viu ficou tão abalada que, quando saiu, desmaiou e eu nasci. O meu nascimento está diretamente ligado ao sofrimento de Clarice"

Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui.

Silêncio é personagem em O Ovo

Bom, depois de divulgá-lo em um post abaixo, chegou a vez de fazer a defesa de O Ovo.

O filme de Nicole Algranti foi questionado por supostamente ter excedido em maneirismos, seja na filmagem em preto-e-branco ou nos enquadramentos e cortes pouco usuais. Engano. Nicole não levou ao cinema vaidade pela vaidade. Sua missão foi traduzir para o cinema uma literatura introspectiva. No caso específico do conto, também enigmática.

Nicole poderia ter sido covarde, optando pelos meios mais convencionais e com respeito às regrinhas básicas de adaptação. Preferiu não se refugiar na burocracia. Ao fim, produziu 11 minutos que parecem dois, de tão leves que ficaram. Manteve o enigma e, mais importante, seguiu em sintonia com a alma do conto. Já dizia Clarice: "O amor pelo ovo também não se sente. O amor pelo ovo é supersensível. A gente não sabe que ama o ovo."

Quem vê o filme fica com a nítida sensação de enxergar de dentro para fora do ovo, com a idéia de liberdade tomando conta de quem ama o que vê, mas não sabe porque está muito inserido no processo. A telona funciona como janela para o mundo, por mais clichê que seja dizer isso em palavras.

As cenas, leves, adquirem força quando percebemos, dias depois, que ainda continuam presentes na mente. Não há excessos para atrapalhar a sensibilidade do filme, cujo silêncio cumpre o papel de personagem. Talvez o principal.

Martim é bom, problema é a saída



Neste fim de sábado foi dia de ver o Violins no Martim Cererê. O local em si é muito bom para shows, o problema, mais uma vez, foi o lado de fora.

Saindo do show, descobrimos que vários carros foram roubados e outros tantos tiveram vidros quebrados e toca-cds roubados. O meu carro, velho que é, ficou por lá. Meu prejuízo foi só o susto e o vidro quebrado. O toca-fitas permaneceu em seu velho perfeito estado (até porque, se roubassem, acho que o venderiam por no máximo 3 reais)

O que não dá mais para suportar é o Martim continuar abandonado. Não é a primeira vez que carros são roubados ou quebrados. Já aconteceu o mesmo com autoridades, bandas que por lá se apresentaram e outras pessoas que por lá passam.

O local é de propriedade do Estado de Goiás, os eventos que neste sábado ocorriam eram também promovidos pelo mesmo Estado e... nada de segurança ou policiamento no local.

O show do Violins, em si, foi bom. Uma das músicas novas, cujo nome não consegui ouvir, é muito boa. Ela está no próximo cd da banda, que será lançado no início do ano que vem.

Hoje, em O Dia

" `Já teve prefeito que quis fazer da cidade a capital country do país`, esbraveja Beto Cupertino, vocal e guitarra do Violins'' - Jornal O Dia (RJ), 17/10/04.

O ex-prefeito de Goiânia, a quem Beto se refere, é Darci Accorsi. Ele fez essa proposta em 1993, quando o PT administrou a cidade pela primeira vez.

A idéia de Darci, para iniciar o projeto, era implantar uma longa avenida com lojas e centros de diversão ligados ao country que funcionasse 24 horas por dia. Já a então deputada Nair Lobo (PMDB) foi além e propôs que se construísse, em 1997, uma "Disneylândia caipira inspiradas nas expedições dos bandeirantes ao Oeste brasileiro no século XVII e brinquedos como touros mecânicos". Idéia que também não foi pra frente, claro.

Este ano Darci terminou a eleição em Goiânia com 4,3% dos votos, depois de mudar do PT para outros dois partidos (PSB, PTB) e agora estar no PL. Nair Lobo continua no PMDB e hoje é diretora da marketing do Ministério do Turismo do governo Lula (PT).

Baleiro foi bem, apesar do CEL



Zeca Baleiro conseguiu se apresentar na sexta, 15, no CEL da OAB. Digo que "conseguiu" porque o tal CEL fez de tudo para que ele não conseguisse. O local, fechado, tornou o ambiente quente demais, o que possivelmente explica o fato de muita gente ter ido embora antes do fim. Outro problema sério foi a iluminação amarela (que, como em filmes trash, saía do chão) . A divisão do espaço para o público entre cadeiras, mesas e o pessoal da pista também ficou muito desproporcional, irritando ainda mais o público. Bom, talvez a irritação tenha sido só minha.

O show em si, que durou quase duas horas, foi diferente dos demais que Baleiro já fez em Goiânia. E bom. Não sei se é exagero dizer isso, mas percebi que o som dele tende ao rap, o que não é ruim. Canções escolhidas de outras bandas também tinham forte presença do rap. A própria música que ele compôs em "homenagem" ao acidente, acontecido no mês de agosto, quando fraturou uma costela e o osso da face, é um samba-rap (seu nome é A Queda).

Fora isso, entre os destaques do show cito Vô Imbolá, Lenha, Bandeira, Flor da Pele, Eu despedi o meu patrão, Quase Nada, Telegrama e Heavy Metal do Senhor.

O que não entendi foi Baleiro ter anunciado a quatro ventos e a duzentos jornalistas aqui de Goiânia que cantaria Proibida pra mim (e ainda disse o ritmo em que interpretaria). Não cantou. Não que seja uma canção fundamental, mas para quê criar uma expectativa em cima de algo que não seria cumprido?

15.10.04

Para anotar na agenda

Zeca Baleiro - 15/10 - sexta
Horário: 22h30
Local: CEL da OAB (BR 153, km 1296, Aparecida de Goiânia)
Abertura: Charles Valente
Ingresso: R$ 30 (pista inteira), R$ 15 (pista, meia-entrada) e R$ 180 (mesa com 4 lugares)
Postos-de-venda: Trupe do Açaí, Armazém do Livro, Revistaria Almanaque, Mistura Fina, Baby Dreams, Gyn Tell e agência Quatro Estações

Violins - 16/10 - sábado
Horário: 20h
Local: Martim Cererê (Rua 94-A, Setor Sul)
Abertura: Computers
Ingresso: R$ 5 (preço único)
Posto-de-venda: no próprio local
Contato: 201-4688

14.10.04

O remorso de Sorin e de Lynch


Histórias Mínimas e História Real: para os dois filmes, o remorso move o mundo

Histórias mínimas, de Carlos Sorin, lembra, em alguma medida, História Real, de David Lynch. No filme argentino, que sai de cartaz em Goiânia hoje, temos como eixo principal um idoso que, sem rumo na vida, sai pela estrada a procura de um cachorro desaparecido, para quem pretende pedir desculpas. No filme norte-americano, um fazendeiro idoso atravessa estradas do interior do país a bordo de um mini-trator para rever o irmão doente e... também pedir desculpas. O remorso move os dois personagens, que procuram algum sentido no resto de vida que têm.

O filme de Lynch mantém um certo respeito pelos personagens, em especial pelo principal. Sorín joga holofotes no que considera insignificante na vida das pessoas, como que tentando provar a auto-condenação dos povos. A esperança, em Lynch, nasce e permanece na figura do fazendeiro corajoso. Em Sorin, precisa ser transferida para outro personagem, um vendedor adepto de livros de auto-ajuda, mas que também não se livra da visão esteriotipada do diretor.

História Real e Histórias Mínimas nos fazem ter piedade de seus personagens e, por vezes, se perdem no sentimentalismo. Por isso, são filmes que emocionam, em extremos opostos. O primeiro, até por ter mais recursos técnicos, capricha nas imagens plásticas e na belíssima trilha sonora. O argentino, ao contrário, tenta emocionar com a falta de recursos. Mas um e outro não saem da armadilha melodramática.

13.10.04

Dicas para o Goiânia Mostra Curtas


Mariana Ximenes é protagonista de Uma estrela pra Ioiô

Nos últimos três anos vi muitas curtas-metragens nacionais. Sugiro abaixo aqueles que gostei mais e que vão passar na cidade pela primeira vez neste Goiânia Mostra Curtas:

13/10 - quarta - 19h30 - Curta Mostra Brasil - Teatro Goiânia
O Ovo
Baseado em conto da escritora Clarice Lispector, é todo narrado por Maria Bethânia (mais detalhes em outro post publicado hoje mesmo)

14/10 - quinta - 19h30 - Curta Mostra Brasil - Teatro Goiânia
A história da eternidade

É considerado pelo diretor pernambucano Camilo Cavalcante um "exercício cinematográfico sobre os instintos humanos". Faz a platéia ficar muda com as fortes e secas cenas.

15/10 - sexta - 19h30 - Curta Mostra Brasil - Teatro Goiânia
Uma estrela pra Ioiô

É sério candidato a ganhar o prêmio de melhor curta. O filme de Bruno Safadi fala de uma prostituta (Mariana Ximenes) e seu amante (Gustavo Falcão). Cheio de amor, ele compra uma estrela do céu só para ela, com escritura e tudo.

Porcos corpos
Curta de Sérgio Oliveira (Pernambuco) que faz uma denúncia, sem demagogia, das linhas de abate. Com argumento e roteiro do músico Otto.

16/10 - sábado - 19h30 - Curta Mostra Brasil- Teatro Goiânia

Momento trágico
Da brasiliense Cibele Amaral, este curta diverte, satiriza as terapias e exagera no esteriótipos. Mas vale como diversão.

A lata
Este curta mostra a vida dos catadores de lata em São Paulo, embora por vezes pareça institucional. Merece ser visto.

Transubstancial
O filme, de Torquato Joel (Paraíba), faz uma bela homenagem a Augusto dos Anjos.


A grande ausência da mostra
Cartas da Mãe
Senti falta, no Goiânia Mostra Curtas, do filme Cartas da Mãe, que ano passado ficou 'escondido' em uma única sessão das 14 horas. Pela qualidade do filme, merecia reprise em horário nobre. O filme é uma homenagem singela e bonita a Henfil. Dirigido por Fernando Kinas e Marina Willer, traz depoimentos belíssimos, narração sempre precisa de Antonio Abujamra e fotografia limpa. Consolo: é possível assisti-lo pela internet. Basta clicar aqui.

Veja programação completa do Goiânia Mostra Curtas no site da organização do festival.

Clarice Lispector no cinema


Carla Camurati em O Ovo

Não perca hoje à noite, no Teatro Goiânia, o filme O Ovo. O curta-metragem de Nicole Algranti abre a noite da mostra Brasil do Goiânia Mostra Curtas.

O filme é cativante, tem fotografia (de Araken Dourado) perfeita e é baseado em conto da escritora Clarice Lispector, sendo todo narrado por Maria Bethânia. A construção narrativa tem originalidade. O curta foi aplaudido de pé no Festival de Brasília do ano passado (onde eu vi o filme).

Curiosidade: Nicole é sobrinha de Clarice.

Participam do filme: Carla Camurati (grávida), Chico Diaz, Lucélia Santos e Louise Cardoso

O Ovo
Hoje, dia 13, 19h30
Teatro Goiânia
Entrada Franca

12.10.04

Licença

Chegou o 12 de outubro, dia de dizer "feliz aniversário" a uma amiga que sabe quem, mas que ficaria vermelha de ódio e de modéstia se eu dissesse o nome. Então, um brinde!

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Estivesse vivo por mais um dia, Fernando Sabino completaria 81 anos hoje. Foi dele o primeiro livro que li na minha vida: O Grande Mentecapto. Que, para mim, é tão bom quanto O Encontro Marcado, citado majoritariamente como grande obra do autor.

10.10.04

Honestidade



Paixão à flor da pele não é o tipo de filme que vai mudar a história das comédias românticas, deixando de lado a industrialização dos sentimentos. Mas tem a virtude de ser honesto.

Brinca com clichês de filmes do gênero (a cena da cinderela foi bem inserida), muitas vezes se perde em cenas batidas, contorna as questões delicadas em vez de enfrentá-las e tenta se recuperar ao pontuar minimamente o comportamento psicológico das personagens que interpretam duas amigas no filme.

Em tempo: a história é sobre um jovem empresário que imagina ter visto em um café a mulher que um dia foi seu grande amor, mas que desapareceu misteriosamente de sua vida. É uma refilmagem de L'Appartement.

Tarsila



A peça teatral Tarsila, que deu origem à minissérie Um Só Coração, esteve no Teatro Goiânia nos últimos três dias. Vi a apresentação de quinta e confesso que me surpreendi positivamente. Com direção de Sérgio Ferrara, a escolha de Eliane Giardini (foto acima) para interpretar Tarsila do Amaral foi certeira.

Mas o acerto maior foi o roteiro desrespeitar a ordem cronológica e quebrar a quarta parede, proporcionando uma idéia de ruptura maior do que se imaginava. É uma peça meticulosa, que não cai no didatismo rasteiro que usualmente caracteriza apresentações assim.

A peça separou bem os momentos de distanciamento de cada um dos componentes do quarteto modernista (Tarsila, Anita, Oswald e Mario), cometendo poucos pecados. Estão no elenco, além de Giardini, José Rubens Chachá (como Oswald de Andrade), Agnes Zuliani (como Anita Malfatti) e Pascoal da Conceição (como Mário de Andrade).



Já que o assunto é Tarsila, vai uma dica de livro. Ainda que não tenha valor literário, que até pode ser questionado, vale como registro histórico as cartas que Tarsila do Amaral e Anna Maria mandaram ao jornalista Luís Martins (que é citado na peça).

As tais cartas estão todas reunidas em Aí Vai Meu Coração (Planeta, 248 págs, R$ 65, veja capa na foto acima).

Para que se entenda: Ana Luísa Martins (que organizou o livro) descobriu, quando tinha oito anos de idade, que seu pai (Luís Martins) tinha vivido por 18 anos com sua tia Tarsila, a prima-avó pelo lado materno, antes de se casar com sua mãe.

Um detalhe fez do episódio um escândalo para a época: Luís tinha 26 anos quando conheceu Tarsila, que já tinha 47. Mas Anna Maria, a segunda esposa, era dezesseis anos mais nova que ele, Luís.

O livro tem edição de primeira, está bem ilustrado e contém trechos da autobiografia do crítico e crônicas publicadas por ele, que discorrem sobre o processo de separação e de seu novo casamento.




2.10.04

Capitu e Charlotte



Impressionante como todos temos dificuldade de admitir a existência da dúvida e conviver tranqüilamente com ela. A cena final de Encontros e Desencontros é que desperta muita curiosidade, pois ninguém sabe o que Bob (Bill Murray) sussurra no ouvido de Charlotte (Scarlett Johansson) antes de ambos trocarem um feliz 'ok' e alguns sorrisos.

A curiosidade a respeito dessa cena, mal comparando, parece aquele que norteia os amantes de Dom Casmurro: Capitu traiu ou não traiu Bentinho?

Voltando a Encontros e Desencontros, sei que a cena é interessante porque não se sabe o que ele sussurra. E talvez ninguém saiba mesmo. A questão é que já é informação mais do que suficiente. Um dos segredos do filme são os silêncios, as elipes, a sintonia de pensamentos etc.

Silêncios deixados de lado, um desses alucinados da internet gravou o som do sussuro, reduziu o ruído de fundo e amplificou a voz de Bob... o 'som' desta extravagância pode ser ouvido no link abaixo, em mp3:

http://www.andygarfield.com/translation.htm

Forçando a barra, o que é possível deduzir do som (que não sei se é realmente do filme, embora comparando com o som do dvd pareça ser) é que Bob disse o seguinte para Charlotte:

- All those things you’re not telling him, on the flight back tell him the truth, ok?
- Ok.