Descaminho

17.10.04

O cínico-doce Kill Bill 2



Com o segundo volume de Kill Bill, percebe-se que o primeiro foi esticado desnecessariamente. Antes, o diretor Quentin Tarantino investiu demasiadamente em cenas de batalha, que, mesmo com um toque de originalidade e exotismo, prolongaram-se em excesso.

Por isso Kill Bill 2 é melhor que seu antecessor (que já era bom). Diálogos inteligentes (em que os personagens não parecem ter pressa), história amarrada, tudo é ingrediente suficiente para uma obra-prima da cultura pop.

Tem-se a impressão que a voz de Uma Thurman foi trabalhada na medida certa para o filme, ficando em um patamar que chamo de cínico-doce (parecida com a de Nicole Kidman no também ótimo Dogville).

Por falar em Dogville, é perceptível a alegria do público no cinema na cena em que Uma Thurman arranca e pisa no olho de Daryl Hannah. Essa "crueldade" parece ou não os momentos finais de Dogville?

Além de bater palmas para os faroestes e o cinema asiático dos anos 70, o filme é também uma homenagem ao público que sempre detestou este gênero cinematográfico: as mulheres. Só que aqui, em vez de galãs, temos uma noiva que luta por sua honra. E, ao contrário do que indicava o primeiro filme, uma boa discussão sobre caráter rola durante as mais de duas horas.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ai, fiquei até com medo de ler... ainda não fui ver o "2". Mas o bom das tuas linhas é que estimulam. Talvez um cineminha na noite de segunda-feira seja uma boa pedida. E se gostei do 1, tenho a impressão de que não vou me arrepender de assistir o 2.
Beijo, Eduardo.

Ane Walker

6:10 AM  
Anonymous Anônimo said...

Como o restante da indústria da cultura (televisão, música, revistas, jornais), Quentin Tarantino é cínico, niilista e antropofágico. Cínico porque suspende qualquer valor humano. O mundo é isso aí e dane-se, vamos gozar, como dizem os psicanalistas. Niilista, nem precisa dizer. Antropofágico porque seus filmes são retalhos de outras obras. Pega-se o lixo da cultura para fazer com extremo cuidado técnico. É tudo muito divertido, mas não se chega a lugar algum com so seus filmes. Mas, como dizem os pensadores dos cadernos culturais de jornais e revistas como Veja, a arte é feita para nada, mesmo. Portanto, dá-lhe Tarantino com aquela cena altamente inócua de estupidez humana em "Pulp fiction": John Travolta falando dos Bigs Macs na França e nos Estados Unidos. That's all folks.

3:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ah, finalmente consegui comentar aqui, após as preciosas dicas. Sabe, eu gostaria mais se você fizesse desse blog um pequeno diário do que uma extensão do jornal. De qualquer maneira li todo o texto porque gostei muito de Kill Bill Vol.1 e espero ir hoje assistir ao V.2. Beijos e boa sorte com o blog

4:55 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ah, finalmente consegui comentar aqui, após as preciosas dicas. Sabe, eu gostaria mais se você fizesse desse blog um pequeno diário do que uma extensão do jornal. De qualquer maneira li todo o texto porque gostei muito de Kill Bill Vol.1 e espero ir hoje assistir ao V.2. Beijos e boa sorte com o blog
Paola

4:55 PM  

Postar um comentário

<< Home