Descaminho

14.12.04

O fim de semana mais longo do ano


Parece desânimo, mas não é. No Noise, quem dança é minoria

Todo o ano a dupla Bananada/Goiânia Noise tem o dom de fazer o fim de semana ficar maior do que aparentemente é. Com este Noise que acabou anteontem não foi diferente. São muitos shows, a noite fica longa, a madrugada é deliciosa e não há cansaço físico que supere o descanso mental.

Apesar do temor, todos sobreviveram ao Martim Cererê. Uma amiga disse algo curioso: o fato de todos acharem que os ingressos iriam se esgotar pode ter criado um clima de que não valia a pena ir ao Martim em cima da hora pois, seguramente, não haveria mais ingressos.

Aos fatos: não foram colocados a venda apenas 1000 ingressos por dia, como se previa. Todo mundo que quis, entrou. Na média, então, cerca de 1500 pessoas por dia pagaram para ver o evento.

E mais: aquele papo de cobrar R$ 30 no dia foi felizmente para o espaço, com o preço de ingresso antecipado (R$ 20 a inteira ou R$ 10 a meia) sendo mantido para quem comprava na hora.

Ano passado, o Noise foi para o Jóquei, onde ninguém ficou de fora (e houve um público médio de 3000 pessoas por dia). Estaria o Goiânia Noise sofrendo um recuo, principalmente pelo fato de voltar ao Martim em vez de buscar um lugar maior ou igual ao Jóquei?

Definitivamente, não. Esse lenga-lenga todo que fiz sobre este assunto dos ingressos não faz sentido para eventos como o Noise. Apesar de ser um festival bem profissional (felizmente), o sucesso dele não pode ser medido pela quantidade de gente que comparece e, sim, pela qualidade da música oferecida e pelo público singular que está disposto a ouvir mais e dançar menos.

Outra coisa: este Noise só não foi maior porque os R$ 250 mil que a gravadora Monstro Discos tinha captado, via leis de incentivo na iniciativa privada, foram reduzidos a R$ 16 mil. Daí a solução, rápida e urgente, de fazer o festival no Martim Cererê.

E os shows?
Na sexta, como sempre, deu menos gente. Embora não fosse o dia de melhores shows, foi o dia em que deu pra assistir a tudo com mais tranqüilidade, menos empurrões e menos calor. Foi também o dia de maior atraso. O primeiro show, Mob Ape, começou às 20 horas (e não às 18 horas). No balanço do dia, destaque para Sapatos Bicolores, Violins (apesar de incrivelmente curto) e Muzzarelas. Bicolores ganhou no quesito bom-humor, Violins por carregar mais no rock do que o habitual e Muzzarelas pela irreverência.

No sábado, Terrorista da Palavra me surpreendeu por tentar passar algo de rock and roll. É o tipo de banda que vale estar ali para dar um toque multicultural ao Noise, já que não tem medo de brincar com os saraus. Faichecleres entra na lista das surpresas, pela espontaneidade e homenagem aos anos 60. Valv empolgou o público com Over it e fez um show à altura das expectativas. Réu e Condenado, com Daniel Drehmer e Francis Leech, pela primeira vez me cansou. Tudo se repetiu demais, exageradamente. Não foi um show ruim, mas cansou. Destaque no dia, ainda, para Astronautas e Devotos de Nossa Senhora Aparecida.

No domingo lamentei muito ter perdido Daniel Belleza, show que todo mundo diz ter aplaudido de pé. Valentina mandou bem e comprovou aquela tese de que eles cantam melhor em português do que inglês. O grande show da noite - e, para mim, o melhor de todo o festival - foi o do Bidê ou Balde. O som new wave deles empolga qualquer um e o teclado bem usado salva até o fato das letras serem fracas.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Melhor só outro igual! Roberta

10:21 AM  
Blogger P.F. said...

Então eu não faço parte da galera "singular", né? Definitivamente você tem um problema com dança. A título de informação, quem dança também ouve.

4:08 PM  
Blogger P.F. said...

Ops, lendo o meu comentário acima me pareceu tão rancoroso.... Leia-o com ironia..... Acrescente uns kkkkkkkkk, rsrsrsrs e hahahhahahah, ok?

6:37 PM  
Anonymous Anônimo said...

Achar Terrorista da Palavra bom desmoraliza todo o seu texto.

11:53 AM  

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